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Milton Guedes

 Prof. Lander: Desde já agradeço essa oportunidade para conhecermos um pouco mais da sua Vida e rotina. Aliás, com essa correria que é a Vida de um artista, dividia entre família, Viagens, Shows, TV ... você consegue ter rotina de Estudos? Se sim, o que você Estuda? Que dica você daria para alguém conseguir essa embocadura perfeita que você tem?

 

Milton Guedes: Olá Lander, antes de tudo, gostaria de agradecer tanto o interesse, quanto o carinho que sempre recebi de tantas pessoas ligadas ao meu trabalho.
Realmente, a correria das viagens e shows dificulta planejar uma rotina de estudos e, de certa forma, quando se trabalha tanto, praticamente sem intervalos longos, se aprende diariamente. O fato de trabalhar com tantos artistas de estilos tão diferentes, já exige de mim um aprendizado forçado no meio de tanta correria. Mas, meu estudo principal é ouvir o máximo de músicas possível. Mesmo que nelas não existam solos de sax. Assim, tento me manter atualizado. Claro que acabo tendo minhas deficiências técnicas. Mas, me adaptei a um estilo que, acima de tudo, supre minhas necessidades como intérprete.
A "boquilha" e a "embocadura" são mesmo o grande desafio de qualquer saxofonista. Sempre gostei da sonoridade forte, como a do David Sanborn, por exemplo. E apesar dele usar boquilha de metal, nunca consegui me adaptar a uma, até surgir o Prof. Ivan Meyer, que depois de muitas adaptações, me convenceu de que isso era possível, sem alterar muito o meu som, e aumentando ainda mais o "Power". Claro que isso vem de uma necessidade de mudança e atualização do meu estilo também. O fato é que não adianta correr. Todos temos que testar uma dezena delas. O bom é começar escolhendo um timbre que você goste muito, e tentar saber que tipo de boquilha e palheta aquele músico utiliza. Depois, infelizmente, é gastar essa grana testando muitas boquilhas. Claro que só vamos poder chegar um pouco perto do som de alguém que admiramos, já que até o formato de nossos dentes influencia no som. Mas isso é até bom pra podermos tentar uma identidade sonora, que é a grande busca.

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Prof. Lander: Quais foram suas Influências musicais - WARREN HILL, SANBORN estão entre elas? E hoje? Quando você tem tempo, o que ouve?

 

Milton Guedes: O Sanborn é meu grande mestre, mas acabei ficando com um som mais próximo do Warren Hill, que também adoro. Minha linha sempre foi mais Pop e não tenho problemas com isso, pois, acima de tudo, não tenho preconceitos com música. Como profissional, me permiti tocar diversos estilos, e claro, nem tudo o que gravei eu levo pra casa. Adoro ouvir coisas que possam me trazer novas idéias, mesmo que não tenha um solo de sax, como já disse. O Stevie Wonder, por exemplo, é uma fábrica de melodias e harmonias sensacionais. Ouvir um cd dele já é uma aula de melodias pra vida inteira... Estou adorando ouvir os novos trabalhos do Léo Gandelman, mais erudito. E também adoro ouvir Maceo Parker, Joshua Redman e Michael Brecker. Sinceramente, nunca vou usar tantos improvisos na minha linha de trabalho, mas gosto de boas performances. Na Gaita, virei fã do Gabriel Grossi, que no momento é o maior gaitista do mundo e está ali pertinho da gente. Ele toca no "Quinteto Hamilton de Holanda", bom demais pra quem quer se atualizar em música brasileira e improvisos incríveis.

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Prof. Lander: Em quem se espelha em suas performances no palco tanto na forma de tocar (pois parece o sax ser extensão do seu corpo), como na forma de Vestir?

Milton Guedes: Comecei minha carreira tocando com o Oswaldo Montenegro, que tem trabalhos muito interessantes no teatro. A disciplina é algo muito importante pra ele, e como alguém que faz teatro, sempre me orientou a ter uma performance de palco como um artista solo, e não apenas um "sideman", que apenas acompanha o artista. Trabalhar tantos anos com o Lulu Santos me fez ver tudo isso misturado. Performance de palco, visual, movimentação e claro, sonoridade. Lulu busca sempre a melhor performance possível e nos mostrou que, em cena, não se pode ter nenhum receio de ousar, principalmente no visual. Afinal, estamos fazendo um espetáculo, e é horrível quando vejo um show onde tem aquele músico vestido pra ir comprar pão e paradão, parecendo estar doido pro show acabar... Rs! Claro que a música é o mais importante de tudo, mas uma boa apresentação já impressiona o público.

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Prof. Lander: Temos visto em Videos no Youtube, que você conseguiu o inacreditável: _ Seu Som está ainda mais Bonito com a Boquilha Ivan Meyer! Com a Boquilha de Metal seu som ganhou ainda mais Corpo, Brilho ...
Qual foi sua Primeira Impressão sobre ela? O que mudou? Qual foi a diferença imediata dessa Boquilha para outras que já tocou? A Adaptação foi fácil?

Milton Guedes: Sempre tive problemas em me adaptar às boquilhas de metal. Adoro a boquilha de massa B&N 7 do Norberto, que tenho há anos. O Prof. Ivan tentou várias vezes, baseado no meu som, fazer uma boquilha pra mim. Ele insistiu, dizendo que eu não iria me arrepender. Finalmente conseguimos nos encontrar para testar algumas das, pelo menos 8 boquilhas que ele havia preparado. Me senti lisonjeado com o interesse dele. Afinal, no Brasil, infelizmente, não temos esse cuidado por parte dos fabricantes, com algumas exceções, claro. Ele se mostrou um "ótimo vendedor" como disse meu parceiro de palco, o baixista e produtor "Dunga", que ficou impressionado com o cuidado do Ivan. Ele também me mostrou algo muito importante. A palheta certa é fundamental para testar uma boquilha. Nunca fui muito bom em mexer, lixar, trabalhar uma palheta. Adoro a Fibracell por isso, quase sempre vinha pronta. Vinha, porque o Ivan me mostrou como devemos lixá-la e trabalhá-la. O primeiro sopro foi um susto, tal o tamanho do som. Apesar de estar ainda me adaptando, já senti que tudo vai dar certo.

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Prof. Lander: Fomos brindados com seus 4 Cds, sendo o ultimo “certas Coisas” totalmente instrumental – maravilhoso!
Você está trabalhando num novo álbum, poderia compartilhar alguma coisa sobre esse trabalho? O que podemos esperar ?
UM DVD instrumental faz parte dos seus planos?
 

Milton Guedes: Adorei a "tentativa" de fazer um cd instrumental (Certas Coisas). Infelizmente, a sonoridade não ficou como eu esperava, apesar de ter gostado muito do resultado final, pois gravamos tudo tocando juntos, como numa jam, colocando apenas as dobras e percussões depois. Sempre fui muito crítico com meus trabalhos e por isso, talvez, a demora em gravar mais. Tenho muita vontade de fazer um cd instrumental de canções que admiro. No momento, estou gravando um cd cantado, com intervenções de sax e gaita, claro, mas privilegiando a voz. Estou com uma música cantada na novela das 7 "Ti, Ti, Ti" da Rede Globo (Você Vai Lembrar de Mim) e ela acabou puxando a gravação do resto do cd. Enquanto isso, continuo com os meus shows do projeto "3naMix", que tem um repertório muito variado com "mashups" misturas inusitadas de canções brasileiras e internacionais muito dançante. Pra quem quiser acompanhar, é só entrar no meu site:

www.miltonguedes.com

 


 


 


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